domingo, 8 de agosto de 2010

Professores de Estância em greve

Novamente os embates entre os professores de Estância e executivo municipal reacendem na Estância, no último dia 16 de julho a categoria realizou mais uma assembleia após uma semana de paralisação e deflagrou greve por tempo indeterminado. Todavia no último dia 02 de agosto os educadores promoveram mais um encontro e definiram um calendário de luta: visita a Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, via-crúcis e muita conversa com os pais de alunos nas comunidades rurais.
Para o professor Acrísio Gonçalves a ida a Câmara de Vereadores é para pedir apoio a mais um poder, com o intuito de Câmara intermediar uma negociação com o prefeito municipal para que o pleito seja atendido. “A principal reivindicação é a volta da regência de classe, assim como melhoria das condições de trabalho”, ressaltou o sindicalista.
Segundo Acrísio o primeiro atrito entre os professores de Estância e o atual gestor municipal aconteceu no início do seu governo em 2005, quando o prefeito cortou o salário dos professores. Ele lembra que a categoria foi às ruas e protestou pelo não cumprimento do Plano de Cargos e Salários aprovado na gestão do seu antecessor Gevani Bento.
O professor recorda que durante a campanha municipal de 2004, o então candidato Ivan Leite disse que não mexeria no Plano de Cargos e Salários dos professores e quando assumiu mexeu e formulou um novo plano de carreira, destruindo toda conquista histórica dos professores. “A regência de classe que era 50% e ele passou para 30% e o ano passado prefeito municipal retirou a regência de 30% e para zero”, ressaltou Gonçalves.
O sindicalista revelou também que município de Estância é o que menos paga na região e perde até para Santa Luzia do Itanhi. Ele disse que observando dados da folha de pagamento dão conta que a Prefeitura pode pagar cerca de 30% ou 40% de regência para os professores.
Lembramos que o prefeito Ivan Leite afirmou na época que o plano era inconstitucional e acionou a Justiça, enquanto a categoria reagiu em passeatas e paralisações e denominou o corte como “plano da morte”. Para os dirigentes sindicais do Síntese, essa nova mobilização é em defesa da volta da regência de classe, que para os educadores, seu fim foi um duro golpe no magistério municipal.
Ivan Santos Leite afirmou recentemente na Ilha FM que a regência está incorporada aos vencimentos e pediu o retorno as salas de aulas. Ele até agora não sinalizou que vai atender o pleito dos professores e praticamente o segundo semestre letivo ainda não iniciou e pelo que parece que não existe perspectivas de retorno a curto prazo.
Observamos que o prefeito municipal de Estância volta a sofrer forte oposição da categoria que não aceita o fim da regência de classe e segue disposta a manter a greve por tempo indeterminado.

Entendemos que essa luta não deve ter nem vencedor, nem vencido, deve existe o bom senso, o equilibro e a responsabilidade. Nossas crianças precisam continuar estudando. O prefeito precisa negociar e dialogar com o sindicato, ser flexível, receber os professores e usar a sabedoria. A categoria quer voltar às salas de aulas, mas com avanço, para o Síntese o quadro é desolador.

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As paralisações na Estância
Todos que viveram a partir do meado da década de noventa em Estância lembram que foi uma década marcada por várias paralisações dos servidores do município. Frases na época: “vida digna para que tem acessos fáceis às finanças do município” e “Não queremos esmola, queremos salário digno”, fizeram parte das passeatas. Na gestão municipal de Dayse Garcia as manifestações reivindicavam 13º salário, 1/3 de férias, regularização dos salários, melhoria dos vencimentos e educação de qualidade. Os professores colaram fitas pretas ao redor de todo o Paço Municipal em sinal de protesto e luto. A luta é capitaneada pela professora Ana Rita Tavares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Estância (Sinteme).
Com o fim da gestão de Dayse Garcia e inicio do governo de Zé Nelson o Sinteme incorpora ao Síntese e a luta dos professores continua, desta vez num sindicato mais forte e mantendo uma base em Estância. Zé Nelson na época maior opositor ao grupo de Carlos Magno, esposo da prefeita Dayse Garcia, se apresentou com um perfil progressista e popular, eleito por um leque de partidos progressistas não fez um governo de coalizão, governou sozinho e cooptou a líder sindical oferecendo uma secretária. Resultado em 1998 os professores deflagraram uma greve que durou 18 dias, a categoria reivindicava principalmente melhorias salariais e o pagamento do 13º salário de 1997. Foi um governo que também amargou com paralisações dos servidores e protesto contra o atraso salarial.
Mas foi no meado do governo Gevani Bento que ocorreu o maior número de paralisações e se por um lado os professores tiveram vitórias na construção do plano de cargos e salários, por outro lado os outros servidores e fornecedores amargaram com atrasos nos seus vencimentos. Impulsionado pelo caos administrativos que ecoava, várias categorias pararam Estância, num governo que saiu completamente dos trilhos administrativos e que terminou sua gestão com intervenção judicial.
Eleito em 2004, Ivan Leite também viu no primeiro ano de governo os professores irem às ruas em protesto ao não cumprimentos do Plano de Cargos e Salários dos professores aprovados na gestão anterior. Agora depois de uma trégua sem paralisações, os servidores de Estância voltam a realizar passeatas e parar de suas atividades para reivindicar volta da regência de classe.

Fonte: Folha da Região, editor jornalista graduado Augusto Santos

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